Vergonha das mãos



Descobri que tenho vergonha!
Minhas mãos foram devoradas,
Roídas e dilaceradas,
Vergonha do peso que elas carregam por apontar caminhos
As minhas mãos imperativas,
São donas de mim.
Tenho vergonha das mãos,
São elas que cessam sentimentos quando levadas ao coração,
Elas ditam regras, fazem a ideia ser melhor compreendida,
Acariciam dores, amores, fervores, flores!
Apontam defeitos, fazem gestos.
Tenho vergonha das mãos, por elas serem da forma que são,
Fálicas e desprendidas de vergonha,
Proporcionam prazer com o tato,
Senão melhor prazer quando se está sozinho, pois elas conhecem o corpo,
Sabem dos pontos fracos/fortes
Tenho vergonha das mãos por isso e tantas outras coisas...
Vergonha dos dedos,
Por cutucarem feridas antigas, abertas, incuráveis, angústias
Um deles, na face de outrem, ofendem
Sinal de desrespeito, sinal de verdade absoluta
Meus dedos imperativos
Suas marcas num espelho embaçado, demonstram atos consumados
Apontam alternativas, boas, tolas, úteis, inúteis, inconsequentes.
Tenho vergonha das mãos por serem parte de quem sou,
Por não levarem a culpa pelo que me torno
Tenho vergonha de mim,
Por ter vergonha das minhas próprias mãos!

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